Os relatos colhidos pela força-tarefa montada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) no caso João de Deus mostram a “perversidade” dos crimes cometidos pelo médium, segundo a promotora Silvia Chakian, do MP-SP. De acordo com ela, há uma “repetição de comportamentos” por parte do religioso.
“Os relatos são de muita verdade, muita credibilidade de mulheres que não se conhecem e que vêm de várias partes do estado”, disse ela em entrevista à Jovem Pan. “Essa violência traz reflexos não só a curto prazo, mas também a longo prazo, o que é próprio da violência sexual, complementa.
Outra característica desse tipo de crime que a promotora ressalta é o medo de as vítimas denunciarem. Tem também o que ela chamou de “efeito cascata”, ou seja, o fato de o depoimento de uma vítima encorajar as outras. “É frequente nos depoimento nós ouvirmos: ‘Como falar alguma coisa contra o João de Deus se eu acreditava que estava sozinha, que não tinha provas? Quem iria acreditar em mim, sendo que ele é um homem tão poderoso’”, explica a promotora.
As primeiras acusações contra João de Deus foram dadas na última sexta-feira (7) ao jornalista Pedro Bial, no programa Conversa com Bial, da TV Globo. Ele diz que é “inocente”. Veja o que se sabe até agora do caso.
Questionada sobre se esse caso pode ser equiparado ou até mesmo superar o do médico Roger Abdelmassih, a promotora diz que ainda é difícil fazer uma análise porque não se sabe o número exato de vítimas. “Sem contar que também é muito difícil medir violência, medir a violação de direitos humanos”, afirma ela. “Nesse primeiro momento, ainda é prematuro comparar”, completa.
Abdelmassih foi condenado a 181 anos de prisão pelo estupro de 37 pacientes. Atualmente, ele cumpre prisão domiciliar por problemas de saúde.
Como denunciar
Em São Paulo, as mulheres podem entrar em contato com o Ministério Público por meio do endereço de e-mail somosmuitas@mpsp.mp.br.
Quem estiver em outros estados, pode falar com o Ministério Público de Goiás pelo e-mail criado pela força-tarefa do estado: denuncias@mpgo.mp.br.
A promotora Silvia Chakian garante que as informações e o conteúdo dos depoimentos serão mantidos em sigilo.
Jovem Pan News